julho 04, 2011

A culpa e os culpados

Raras são as pessoas que dizem que têm culpa em alguma coisa. Afinal ninguém gosta de admitir que errou, que enganou, que mentiu ou roubou. Quando o mal que se faz é de tamanho considerável esse mal é um crime e então entra o sistema judicial em cena para dizer afinal quem é e quem não é culpado. Mas antes de setenciar tem de se investigar bem se a pessoa acusada é ou não culpada. Aliás antes de se formalizar uma acusação têm de se reunir provas de que a pessoa é realmente culpada, não fosse a sociedade cair numa onde de histerismo do género caça às bruxas onde basta apontar o dedo para culpar alguém. Isso leva-me a um acusado famoso do momento, Dominique Strauss Kahn. Não vou entrar em devaneios do horror do crime sexual e da (às vezes) desculpabilização dos agressores em relação às agredidas. Vendo as coisas de forma pragmática Strauss Kahn foi acusado de violar uma empregada do hotel onde se encontrava hospedado. Foi preso e ouvido pelo tribunal enquanto se apurava a veracidade das acusações. Foi rapidamente julgado em praça pública pelos meios de comunicação. Aliás a velocidade do julgamento foi tal que quase nem valia a pena andar a gastar dinheiro dos contribuintes americanos a fazer investigações e a ouvir depoimentos. Já todos tinham decidido que ele era culpado, mandava-se prender e não se pensava mais no assunto, caso encerrado. Agora afinal a investigação mostrou que o senhor era inocente e que afinal não violou a empregada do hotel. Não sei se Strauss Kahn é realmente culpado ou inocente. Não me interessa se a empregada é mentirosa ou se disse a verdade e agora arranjaram maneira de a calar. Nem me importa que ele seja um homem influente e poderoso ou que fosse o Zé da esquina. O que a mim me chateia é que a presunção de inocência não exista. Alguém apresenta uma denúncia e sem se esperar para averiguar a verdade dos factos passa-se à culpabilização.
Numa dimensão completamente diferente temos aqueles que são culpados e que porque os crimes prescrevem ou por falta de provas se livram de uma pena de prisão bem merecida. Fátima Felgueiras conseguiu livrar-se de cumprir pena de prisão, além disso alguns dos crimes de que era acusada não se provaram em tribunal. Acusada de vários crimes, fugiu para o Brasil sem nunca perder as suas regalias de autarca, como o vencimento, para depois reaparecer como um D. Sebastião, defendida pelas gentes da sua terra e impune perante a "escapadela" que deu a terras de Vera Cruz. Não tenho provas de que Fátima Felgueiras tenha desviado dinheiro da Câmara de Felgueiras. Não sei se existiam ou não concursos e contratos simulados para favorecer a empresa Resin .O que me chateia é que durante todo este processo ela tenha deixado o país (coisa que não podia fazer) e que daí não tenham vindo quaisquer consequências, é que vamos lá a ver...não foi propriamente para 2 semaninhas de férias. Não sei de quem é a culpa de que alguns culpados não o sejam e que outros levem com culpas que não são suas. Não sei se as culpas são dos juízes que copiam nos exames ou dos legisladores. O que eu sei é que algo vai mal com a justiça em geral, com o nosso sistema pessoal e individual de justiça que nos leva a querer ser juizes e carrascos e com a justiça portuguesa que há muito que tem sintomas de doença grave mas parece que ninguém lhe dá o remédio que precisa. Valha-nos a nós (portugueses) que o Vale e Azevedo tem as costas largas, porque parece que ele é o único culpado que Portugal tem.

junho 29, 2011

Viva o Santo António, viva o São João...

As festas dos Santos Populares são normalmente momentos de grande diversão e marcam a chegada do bom tempo e a partida definitiva dos molhados e frios dias de Inverno. Só estive no Santo António em Lisboa uma vez, mas foi uma noite muito bem passada. Há muita gente nas ruas e muita música por toda a parte. Também há a sardinha assada no pão, verdadeira iguaria para a maioria mas que eu dispenso. No São João do Porto nunca estive, mas imagino que também deve ser uma noite bem passada. Sei de fonte segura que o único senão da festa é que depois de meia hora a levar marteladinhas no alto da tola a coisa começa a ser um pouco irritante. Aqui por Barcelona e noutras cidades de Espanha também se celebra o San Joan. No ano passado não me lembro bem porquê mas não saímos de casa nessa noite, mas este ano e depois de tanto ouvir gabar as celebrações lá nos decidimos a ir descobrir o que de tão bom tem aqui o San Joan. A partir do meio da tarde muitas pessoas rumaram às praias onde se reunem a maioria dos foliões. Quando chegámos à praia de Barceloneta já a multidão tinha invadido o espaço. Havia algumas fogueiras, mas não muitas, e havia muita comida e ainda mais bebida. Mas aquilo que mais havia por aqui e que é a característica principal do San Joan em Barcelona eram petardos. Parece que nesse dia toda a gente resolve desatar a rebentar. Velhos e novos todos andam carregados de petardos, bombinhas e alguns que mais parecem fogo de artifício. Eu não sou grande entendida em pirotecnia mas a verdade é que vi de tudo. Brancos e de cores, uns que só assobiavam e outros que tinham direito a rebentar no fim. Sinceramente não me convenceu. O barulho é ensurdecedor e nunca se sabe de onde pode vir mais um petardo. A coisa às vezes tomas umas proporções que a mim me parecem um pouco descontroladas com gente a atirar petardos para cima uns dos outros, sem sequer tentarem que rebentem em sítios onde não há ninguém. Outra coisa que não gostei de ver foi darem petardos a crianças muito pequenas. Crianças de fraldas brincavam com os petardos enquanto eu horrorizada me questionava sobre a segurança daquela brincadeira. Mas aparentemente não devem acontecer acidentes com os petardos ou se os há não aparecem nas notícias. Enfim, posso dizer que já conheço o San Joan de Barcelona. Ficar fã não fiquei, mas ao menos já sei como é!

junho 07, 2011

Quando cheguei a Espanha arranjei trabalho numa loja chique. Quando comecei estava muito entusiasmada porque o trabalho, embora não fosse nenhum grande desafio para o intelecto, pelo menos parecia animado. Não demorou mais de uma semana para perceber que a loja passava mais tempo vazia do que com clientes e por consequência eu passava quase todo o dia sozinha. A loja ocupava dois magníficos apartamentos numa zona cara da cidade e com a falta de clientela a minha chefe passava os dias no rés do chão, onde existia um computador, enquanto eu ficava no primeiro andar à espera que chegasse alguma cliente que tinha marcado hora ou alguma que passasse na rua e tocasse à campainha. As clientes eram poucas, muito poucas e eu ficava encerrada naquele apartamento lindo, mas vazio. A minha chefe era uma pessoa estranha e desde início nunca me senti confortável com ela. Tentava fazer-se de muito minha amiga, perguntando-me coisas da minha vida às quais eu tentava não responder e adorava dar-me abraços como se fôssemos as melhores amigas e eu detestava tanto contacto físico com aquela pessoa que tinha acabado de conhecer. Para além do mais todas estas atitudes dela me soavam a falso e forçado o que aumentava ainda mais o meu desconforto. Para piorar a coisa ainda mais, um dia ela pediu-me que lhe fosse procurar uns papéis e na pilha onde tive de procurar estavam as notas que ela tinha tomado no dia da minha entrevista e o comentário era "not tall, not thin". Pois alta não sou e com esta idade também já não cresço mais, magra também não sou mas ainda não estou em fase de precisar de entrar num programa de televisão para emagrecer. Obviamente o facto de eu não ser nem alta nem magra era para ela um problema, o que ela não contava era que todas as "manequins" que lhe apareceram à entrevista soubessem apenas falar espanhol e como ela precisava de uma pessoa que falasse bem inglês teve de se contentar comigo. Tudo isto a juntar ao facto de ela ser desorganizada, esquecida e de tratar as clientes conforme o seu humor momentâneo tornavam as minhas idas para o trabalho cada vez mais duras. A coisa atingiu um dos seus piores momentos quando um dia eu arrumava caixas numa prateleira alta, a camisola que eu trazia subiu e ela viu que eu tinha uma tatuagem. Olhou para mim com um misto de horror e descrença e disse:"Is that a tattoo?I never thought you were that kind of girl!". Esse tipo de rapariga??? Mas que tipo de rapariga?? O facto de ter uma tatuagem é que diz o tipo de pessoa que sou?? Eu compreendo que há pessoas que não gostam de tatuagens, que não se imaginam a marcar o seu corpo de uma forma definitiva, mas espero que quem não gosta compreenda que há quem goste e quem não se importe de levar estas marcas no corpo até ao dia em que vá desta para melhor. Eu adoro a minha tatuagem e penso fazer mais. Reflecti bastante antes de a fazer e por isso não me arrependo. Apesar de achar que as tatuagens não dizem absolutamente nada do carácter, da personalidade ou do profissionalismo de alguém sei que nem toda a gente pensa assim e foi por isso que decidi que a minha estivesse num sítio que não está normalmente exposto e por isso só na praia é que não está escondida. Mesmo assim tenho de levar com o comentário da imbecil a dizer que nunca pensou que eu fosse esse tipo de rapariga. Fiquei furiosa mas engoli o que me apeteceu responder-lhe porque precisava do trabalho. Aquela insinuação de que eu era ( ou já tinha sido em tempos) uma leviana, drogada, bêbada e promíscua deixou-me doida, como se não houvesse tantos executivos de fato e gravata que passam as noites a dar na coca, mães de família de andam movidas a whisky e vodka e meninas de coro que saltam de colchão em colchão como se o sexo fosse uma competição. Eu sei que muita gente faz juízos de valor quando vê que eu tenho a tatuagem, mas pelo menos que os guardem para si que não me interessa ouvir disparates, porque o que mais me custou foi ela ter-me dito o que pensava e ter olhado para mim como se eu tivesse cometido algum crime. Por isso é que devemos pensar sempre bem antes de abrirmos a nossa boca, evitamos às vezes maçar os outros com opiniões que podemos guardar só para nós.

Mais sobre este tema: http://www.joseluispeixoto.net/24052.html

maio 02, 2011

Quatro casamentos e um funeral
Estou aqui num dilema que não sei se fale do casamento do Príncipe William se fale da morte do Bin Laden. A notícia da morte do milionário/terrorista/líder da Al-Qaeda fica para já marcada pela foto que tem sido veiculada em vários meios de comunicação na tentativa de fazer as pessoas esquecerem-se de que não há imagens realmente credíveis do cadáver. O casamento real ficou marcado também, não por uma mas por várias fotos inesquecíveis e por um ou outro convidado com cara de morto-vivo que andava lá pela cerimónia. Pronto, atendendo a um critério meramente cronológico começo pela boda real. Para começar quero dizer que é a primeira vez que faço comentários à laia de fashion blogger, mas prometo que se a coisa me correr bem começo a dedicar-me mais ao assunto. No geral os convidados eram a imagem da falta de graça, do modelito desconsolado. Eu sei que estas coisas obedecem a protocolos e tal, mas de certeza que o protocolo não obriga a ser ensosso. Olhar para as convidadas era como passar os olhos por um catálogo de tintas na secção dos tons pastel. As que tentaram ser mais arrojadas também não tiveram grande sorte e mais pareciam saídas de um baile de máscaras. Confesso que não analisei ao detalhe todos os convidados, mas das fotos que pude ver na internet safou-se apenas a Victoria Beckham. Quanto às primas do Príncipe que tanta tinta têm feito correr quero dizer que têm o meu apoio, pelo menos ajudaram a animar a festa!A Princesa Beatrice, de azul, é muito poupada e por isso mandou fazer o vestido com retalhos comprados na Feira dos Tecidos, a irmã, a Princesa Eugenie não escolheu mal o vestido (não era dos piores) mas esqueceu-se de comprar o tocado e de manhã resolveu o problema amarrando à cabeça uma moldura oferecida pela avó!Aqui por Espanha insistem que a Princesa Letizia foi das mais elegantes. Para mim foi das mais desenchabidas. O vestido era tão normalzinho que até enervava e a côr não a favorecia nada fazendo ressaltar aquele tom de pele branco cera que a caracteriza. Ao pé da sogra, a Rainha Sofia, Letizia parecia quase invisível. A minha favorita foi a Rainha Elizabeth II no seu modelito amarelo que pode não ser das últimas tendências, mas aqui para nós ela não precisa de se preocupar com isso e no que toca ao seu look a Rainha é muito coerente. Finalmente, a noiva. Confesso que fiquei desiludida. A rapariga é gira que se farta e depois aparece-me naquele vestido, que não sendo feio seguia também a onda geral de desconsolado. Não sou muito pelas noivas género árvore de natal, mas também nem oito nem oitenta. Podia ter arriscado mais, sem dúvida tem estilo para isso. O vestido era demasiado sério e fez com que parecesse bem mais velha do que é. Não posso deixar de fazer referência a duas das que para mim foram das mais pirositas, Samantha Cameron que pelo visto não percebeu que tocado e ganchito de cabelo não é a mesma coisa e Miriam González que parecia que levava na cabeça umas flores artificiais da loja do chinês agarradas a um turbante da sua avó. E falando em turbantes, o que é que me dizem da morte do Bin Laden hein? (que mudança de tema extraordinária, chiça!) Os noticiários hoje de manhã não falavam de outra coisa, alternando entre imagens de uma casa em chamas e as declarações do Presidente Obama. Já eu tinha terminado o pequeno almoço quando a apresentadora da TVE anuncia em tom grave que têm imagens do cadáver de Bin Laden que podem impressionar algum espectador mais sensível. Eu fiquei logo em pulgas porque nestas coisas sou como São Tomé: é ver para crer (ainda ninguém me convenceu de que o Michael Jackson morreu mesmo). Aparece então a tal foto que se supõe provaria a morte de Bin Laden. Mas que raios os Navy Seals que invadiram a casa não levavam uma máquina fotográfica melhor? Depois pensei, ora para um país daqueles é levar tudo do mais ranhoso por isso a foto deve ter sido feita com um daqueles primeiros telemóveis que tiravam fotos quase sem resolução, não vai uma pessoa andar aos tiros de iPhone 4 no bolso. Durante a manhã tentei através da internet informar-me melhor sobre o sucedido e comecei a ver que muita gente desacreditava a foto que eu tinha visto na televisão. E claro começaram os rumores de que a notícia da morte de Bin Laden era fabricada e uma mera manobra publicitária norte-americana afirmando-se que a fotografia em questão era um mau (muito mau) trabalho de photoshop. Ora eu que nem sou muito pro USA uma coisa sei bem. Nestes assuntos os senhores não são burros e por isso é de certezinha que limparam o sarampo ao Bin. Primeiro, se os americanos não tivessem a certeza absoluta que o tinham morto jamais sairia a notícia correndo depois o risco de serem desmentidos e pior, envergonhados. Segundo, caso a notícia fosse mesmo falsa e a tal foto fosse um truque informático também aposto que nos Estados Unidos deve haver quem faça melhor uso do photoshop e fizesse uma montagem bem mais credível e realista e não aquela porcaria em que metade da imagem está nítida e a outra metade desfocada. Não faço ideia do que terá acontecido, se o cadáver foi sepultado no mar como se fala, mas duvido. Gostei das declarações do Obama (um tipo de quem eu gosto muito), incisivas e patrióticas sem serem inflamatórias ou desrespeitadoras.
Se só agora que chegaram ao fim estão a pensar no título deste post e a pensar onde andam os outros três casamentos anunciados no título, esqueçam, o título pareceu-me apropriado e é só. De qualquer forma deve ter havido imensa gente a casar no fim de semana por isso de certeza que arranjo mais três casamentos para fundamentar a coisa.

abril 21, 2011

Eu até nem gosto de futebol...mas hoje sou do Real Madrid (e aquele golo do Ronaldo que até me soube a rebuçados)

abril 19, 2011

os burros, os lerdos e os assim assim

No meu trabalho actual eu atendo ao público. Longe vão os dias de professora e embora me sinta contente por me ver livre de muita coisa que a docência implica a verdade é que de algumas coisas tenho saudades. Aqui no novo trabalho eu "lambo papéis" para que as pessoas que aqui vêm possam tratar de "coisas". Mas às vezes e por mais que eu me esforce, mesmo que eu faça um desenho há pessoas que não entendem o que lhes digo. Às vezes até fico a pensar que tenho algum problema de expressão, que não me consigo fazer entender. Mas, à luz de acontecimentos recentes, compreendo que são algumas pessoas que não me conseguem entender, apesar de eu explicar a mesma coisa várias vezes seguidas. A verdade é que eu não tenho feitio para explicar as coisas naquele tom paternalista que algumas pessoas usam, que mais parece que estão a explicar a uma criança de 3 anos. "Tem de fazer isto e isto, está bem?" com aquela inflexãozinha irritante no fim da frase. Eu trato as pessoas como aquilo que elas são: adultos que (até prova em contrário) são perfeitamente normais. Mas há algumas pessoas que parece que gostam de se fazer de burrinhas. Passo a exemplificar: alguém vem tratar de uma "coisa". Eu explico que para tratar da "coisa" tem de me trazer um papel preto, sem esse papel nada feito, não se pode tratar da "coisa". A pessoa então informa-me que em casa tem um papel cinzento muito escuro e pergunta-me se esse não dá. Eu volto a repetir que tem de ser o papel preto, o cinzento escuro não serve para tratar da "coisa". A pessoa acena afirmativamente com a cabeça. Dias depois volta com os papéis que eu lhe pedi e claro, no meio vem o tal papel cinzento muito escuro que a pessoa pensa que eu não vou ver e portanto deixar passar como se fosse o papel preto. Enfim, depois de batalhar na questão de que o papel preto (não o cinzento muito escuro) é essencial para tratar da "coisa" lá consigo ter tudo para resolver a situação. E afinal o que é que se ganhou com isto? Nada, rigorosamente nada! A pessoa ficou mais chateada porque teve de voltar mais vezes, porque o seu estratagema de trazer o papel cinzento escuro não resultou e porque no fim de contas acabou por perder muito mais tempo. E eu fico stressada por ter de andar sempre a repetir o mesmo e a obrigar as pessoas a andar para trás e para a frente até me trazerem o papel da côr que eu peço e não o da côr parecida. Se pedem demasiados papéis para tratar de quase todas as "coisas" que precisamos? Pedem! Mas eu (e outros milhares como eu) que me limito a estar atrás de um balcão a cumprir com as normas que me dão, não posso fazer nadinha. Querem um conselho? Quando precisarem de tratar de qualquer "coisa" levem logo o papel certo, vão ver que é tudo muito mais fácil!

abril 15, 2011

Afición y mala educación Eu sou aficionada (e não tenho vergonha de o admitir aqui na blogosfera) mas nem sempre foi assim.Em miúda não achava particular graça mas tudo mudou da primeira vez que assisti a uma corrida ao vivo.A partir desse dia tornei-me numa aficionada de coração.Posso não conhecer todos os cavaleiros, nem saber quais são as melhores ganadarias e não tenho conhecimentos para poder avaliar ao pormenor uma lide, mas sei quando estou a ver uma boa corrida, uma má ou uma assim assim.As touradas (como outras coisas na vida)despertam paixões e ódios.Já houve tempos em que apenas os grupos anti-tourada se mobilizavam, nesse tempo os aficionados passavam descansadamente ao lado dos protestos por considerarem que as touradas eram assim uma espécie de direito adquirido em que ninguém podia tocar e que estariam nas nossas vidas ad aeternum.Quando a proibição das corridas foi aprovada na Catalunha parece que se fez luz e finalmente a afición portuguesa percebeu que se não protegerem as corridas alguém pode vir a retirá-las da nossa cultura e depois só nos iria restar lamentar-nos como se lamentam agora os catalães.Eu compreendo que haja que não goste das corridas, quem proteste, vivemos (ainda) num país livre onde cada um pode dar a sua opinião.Livres para opinar não para insultar.De cada vez que leio alguma notícia sobre corridas de touros há sempre comentários de antis que nem chegam a ser opiniões,não passam de meros insultos.O jornal Público anunciou uma sondagem realizada onde 89% dos inquiridos são favoráveis à realização de corridas de touros.Ai que grande blasfémia cometeram os senhores deste jornal de vir dizer uma coisa dessas para a praça pública.Na página do facebook a notícia já tem mais de 400 comentários.Há comentários de antis e de prós, mas sinceramente (e sem querer puxar a brasa à "minha" sardinha)não percebo porque é que a maioria dos antis só são capazes de proferir insultos.Se querem fazer valer a vossa opinião não é com falta de educação que vão conseguir.Afirmam que a sondagem publicada foi encomendada(de certeza que se dissesse que 89% dos portugueses eram contra já achavam que era verdadeira),depois seguem-se elogios aos pró-tourada como: otários, merdas, cobardes, tristes, falhados, chamam vacas a algumas das mulheres que deixam comentários a favor das corridas e por aí afora vão, tratando assim desta forma educada e cordial todos aqueles que não são da sua opinião. Ora eu posso bem com pessoas que discordem de mim o que eu não aturo é gente mal educada!Ah, e já agora, por favor parem de comparar as corridas aos circos romanos onde se matava gente ou à escravatura, sinceramente esse vosso argumento onde comparam seres humanos a animais (sejam eles quais forem) parece-me um pouco parvo.Para rematar só quero dizer que me recuso a comentar estas notícias porque não tenho pachorra para peixeiradas.E mais, não me considero uma otária, uma merda, uma cobarde, uma triste, uma falhada e muito menos uma vaca e por isso acho que as pessoas que se dirigem nestes termos a outras que não conhecem não merecem a minha consideração.Querem ser anti-touradas?Tudo bem!Força aí na vossa luta!Eu para além de pró-tourada sou também anti-falta de educação e até sou gaja para fundar um movimento com direito a manifs e tudo!

março 24, 2011

"Já dizia o velho Fócrates, a vida é uma soda"
Hoje as notícias matinais espanholas abriram com a mensagem de Sócrates ao país a anunciar a sua decisão de se demitir. Confesso que me senti triste. Não sou apoiante do Sócrates e sei que a sua governação foi no mínimo desastrosa. Chegou ao poder no momento em que a crise estava a chegar e ele e o seu governo em vez de tracarem tudo a sete chaves, escancararam bem a porta para ela entrar. Fiquei triste por ver que em tempos de crise a nossa classe política continua a não se unir para governar, o governo governa mal e a oposição não apresenta alternativas nem ideias, limita-se a dizer mal. Numa altura em que todos deviam trabalhar para o bem comum os partidos estão mais preocupados em dizer mal uns dos outros. Há muito tempo que a política em Portugal não se faz de ideias, faz-se de acusações e de malidicência. O panorama político português transformou-se no recreio onde estes meninos mimados passam o tempo a fazer queixinhas uns dos outros para ver ao fim do dia quem recebe um rebuçado de recompensa. Eu sei que a maioria das pessoas está contente com a queda do governo. Mas será que já pensaram bem se esta é a melhor solução para o país? Os portugueses não se podem iludir com a chegada de um novo governo, as coisas não vão melhorar de um dia para o outro mal um novo primeiro ministro sente o rabo na cadeira. Durante muito tempo ainda as coisas vão ficar como estão e não vai ser o novo governo a mudá-las. Os portugueses têm de se envolver mais na vida cívica, têm de começar por exemplo por ir votar. Espero que depois de tantas pressões para a saída deste governo e sabendo que se vão gastar algo como 18 milhões de euros para fazer eleições que ao menos os portugueses tenham a decência de ir votar. Mas só votar não chega. todos temos de fazer a nossa parte, cumprir com as nossas obrigações e denunciar quem não cumpre com as suas. Ah pois, que isto de viver em democracia não é só direitos, também há deveres. Já chega de passarmos a vida a reclamar e não ir além disso. Só reclamar não chega. As pessoas têm de se mobilizar, tomar atitudes, fazer as coisas acontecer. Não interpretem isto como um apelo à violência, simplesmente é um apelo para as pessoas sairem deste estado zombie em que estão há tantos anos, em que repetidamente têm deixado passar em brancas nuvens situações que têm sido tão prejudiciais para o país. Tenho esperança que Portugal se levante de mais este grande trambolhão, mas vamos ter de ser todos nós a tratar-lhe das feridas.

março 15, 2011

A luta das canções
Há já muitos anos que deixei de assistir ao festival RTP da canção com o entusiasmo com que assistia na infância.Nesses tempos as canções eram realmente festivaleiras e faziam sucesso ao contrário do que acontece agora em que nem sequer conhecemos as canções vencedoras e muito menos as que não ganharam.Os festivais há muito que perderam a glória de outros tempos o que se vê bem pelos participantes, são na sua maior parte desconhecidos de quem nunca ninguém ouviu falar.E o pior nem é isso,o pior é a qualidade das canções apresentadas que andam entre o mau e o impossível de ouvir mais do que uma vez.A verdade é que o festival há já muitos anos que acontece sem quase darmos por isso.Mas este ano o festival voltou a marcar a actualidade, não pelo elevado nível de qualidade mas pelos vencedores: os Homens da Luta.Eu achei piada à vitória,não me sinto defraudada nem ofendida por ela e ainda achei mais piada às vozes que se levantaram em protesto.Para quem ainda nem foi à Eurovisão os Homens da Luta já conseguiram um feito que há muitos anos ninguém conseguia que foi pôr as pessoas a falar do festival.Eu tenho debatido o tema com alguns amigos e não percebo a indignação de alguns deles.Valem-se de argumentos como o facto de eles serem humoristas e não cantores.Lamentamos mas no regulamento não pedem a carteira profissional de cantor e ainda bem, senão há anos atrás lá tinham impedido o médico Carlos Paião de participar.Depois vêm com a conversa que a canção é fraquita.Outro argumento, na minha opinião parvo, porque já há muitos muitos anos que Portugal não apresenta uma canção de jeito ao festival.Depois vêm com o meu argumento favorito(por ser realmente tonto)que é a imagem que Portugal passa com esta participação.E aqui deixo a minha humilde opinião:Mas qual imagem?As pessoas de outros países que conhecem Portugal e têm uma ideia sobre o nosso país não a vão alterar.Senão vejamos: em 1998 Israel levou à Eurovisão uma cantora transexual e não foi por isso que ficámos a pensar que as pessoas de Israel andam todas a mudar de sexo.Em 2006 foram os metaleiros Lordi a surpreender o festival e não é por isso que imaginamos que na Finlândia as pessoas andam todas preto, maquilhadas como o gajo dos Kiss e com botas de plataforma.Isto é só para referir dois casos que por acaso até foram vencedores.Por cá,já que estão assim tão preocupados com aquilo que os outros europeus vão pensar de nós talvez fosse melhor ter impedido o José Cid de ir,não se fosse dar o caso de pensarem que em Portugal usamos todos capachinho.Alvos a abater seriam também a Dina, porque não queremos que pensem que Portugal é um país de lésbicas e claro o Armando Gama, para não pensarem que usamos todos aquele risquinho ao meio,que fique bem claro que o único herdeiro dessa moda é o Paulo Bento.Não pensem que eu adoro a canção vencedora,por acaso gostava bastante da do Henrique Feist.Mas a realidade é que quem viu o festival e se preocupou em votar escolheu os Homens da Luta.Como em muitas outras situações em que são chamados a votar os Portugueses preferem demitir-se dessa função porque acham sempre que vai haver muitas outras pessoas que o façam.Como todos pensam assim acabam por depois apanhar estas surpresas.A canção pode não ser uma pérola literária mas pelo menos é divertida e é a primeira em muitos anos que me ficou na cabeça depois de ouvir só umas duas vezes.Se isso não é ser uma canção festivaleira então não sei o que será.Mas afinal quem é que disse que as canções do festival tinham de ser todas muito sérias e profundas?Aquilo é um festival da canção,não é um seminário de apresentação de teses filosóficas.Essa regra das canções muito sérias deve estar ao lado da que obriga que as canções falem dos descobrimentos porque só se ouve no festival é coisas como: mar, sal, mundo, canela e saudade.Ah não, parece que afinal isso não é uma regra,deve ser algum trauma dos portugueses de falarem sempre das mesmas coisas.Resumindo e concluindo (porque já me estou a alargar e isto supõe-se ser um post e não um tratado sobre o Festival)se as pessoas espalhadas por essa Europa fora ficarem a pensar que os portugueses andam com calças à boca de sino e as portuguesas vestidas de ceifeiras então esses europeus são francamente estúpidos e nem merecem que nos preocupemos com as suas opinões,porque quem não tem inteligência para perceber que mais do que a canção os Homens da Luta levam uma encenação, quem for tão burrinho ao ponto de achar que aquilo é tudo verdade também não merece a nossa consideração.Sobretudo o que me parece a mim é que esta súbita preocupação que agora estão todos a ter sobre a imagem que passaremos na Alemanha não é mais do que um reflexo do nosso grande complexo de inferioridade que para além de ser altamente exagerado é um peso morto que não nos deixa avançar.Portugal tem muitas coisas más,tem claro,mas também tem muitas coisas boas.Mas nós só nos fixamos nas más,os meios de comunicação só falam delas.Vamos começar a dar mais valor ao que temos,talvez assim consigamos também tornar em bom o que agora é mau.

março 10, 2011

Faltou o quase...
Eu não gosto de futebol,nunca gostei e acho que com esta idade já não me nasce o amor ao chamado "desporto rei". pode ser o mais excitante dos desportos,o que mais multidões arrasta mas também é de certeza o que mais dissabores causa,mais brigas provoca e mais violência cria! ora aqui nesta zona da península o futebol ocupa bastante tempo nos noticiários o que a mim me leva a trocar imediatamente de canal porque prezo muito a minha sanidade mental. mas de vez em quando, meu esposo é acometido de um súbito interesse futebolístico e lá tenho de ouvir os comentários sempre altamente eloquentes das gentes futeboleiras. de todos os discursos recorrentes no mundo do futebol aquele que eu mais gosto é o dos perdedores que conseguem fazer ressaltar as suas qualidades e fazem-no tão bem que no final de tanta conversa quase nos convencem que eles é que ganharam. afirmações do género: "tivemos mais posse de bola","rematámos mais vezes à baliza adversária","tivemos pouca sorte" e o famosíssimo"a culpa foi do árbitro". ora eu que sempre fui aluna fraca a educação física ainda consegui aprender qualquer coisa. aprendi por exemplo que quando se joga futebol, para ganhar tem se marcar mais golos do que a equipa adversária. ou seja, ter mais posse de bola não dá pontos, rematar à baliza do adversário também não e a falta de sorte ainda não é desculpa para repetir jogos em dias em que os astros estão em posição mais favorável. no futebol ou se marca golo ou não se marca. o quase não vale nada,não se pode ir marcando por aproximação. não há meio termo num jogo, ou se ganha ou se perde. quase ganhar não vale de nada. e é assim em quase tudo na vida. imaginem as eleições para o governo. o partido que fica em segundo lugar não tem direito a governar uma vez por mês. ou na escola, por mais que os alunos insistam com os pais que um nove é quase um dez, a verdade é que um nove é um nove. com nove chumba-se e com dez passa-se. em muitas coisas na vida o quase não é suficiente.

fevereiro 28, 2011

Os exageros e as generalizações!

Não gosto de gente exagerada, nem de gente que mede tudo pela mesma bitola, que no mesmo saco mistura alhos e bogalhos!Pior ainda são pessoas assim e com direito a tempo de antena!Pessoas como Isabel Stilwell (esse grande vulto da literatura portuguesa, de quem eu nunca li nenhuma obra e não penso vir a ler) que actualmente desempenha funções de directora no jornal Destak (esse marco incontornável da imprensa escrita portuguesa).Ora a Sra. Stilwell nem sabia onde se estava a meter quando no dia 17 decidiu publicar um editorialzinho sobre uma geração de pessoas que se identificam (uns mais, outros menos e alguns nada) com a nova música dos Deolinda "Parva que eu sou".Nunca ela imaginou que a sua opinião (altamente discutível, mas já lá vamos) desse azo a tanta conversa.Só no site do jornal que dirige já deu direito a mais de 1700 comentários!Ora depois de ler o editorial, ler alguns dos comentários (todos não que 1700 é muita fruta e depois dos primeiros 50 a coisa começa a ser repetitiva) e ler textos de alguns blogs (aconselho o d' A Maçã de Eva) comecei a pensar em muitas coisas, assim que cá vai!
Em primeiro lugar quero já dizer que não ouvi a música dos Deolinda mas já vi a letra. Não vou dizer que me identifico no que nela se diz mas também entendo que muita gente se identifique.De qualquer maneira não sei se o objectivo dos Deolinda foi criar um "hino de uma geração", como algumas pessoas sugerem ou apenas aproveitar um poema com um tema bem actual para conseguir mais um sucesso.Desconheço se a banda está realmente interessada em seguir as pisadas de cantores anteriores e partir para a música de intervenção ou se apenas tentam à sua maneira superar esta crise que também afecta os artistas.Esclarecido o primeiro ponto deixo a música de parte e parto para a escrita para me debruçar agora sobre essa pérola literária que a Sra. Stilwell tão amavelmente partilhou no jornal que dirige.Começa logo a entrar a matar afirmando "se estudaram e são escravos, são parvos de facto. Parvos porque gastaram o dinheiro dos pais e o dos nossos impostos a estudar para não aprender nada.".Realmente aqui ela até tem alguma razão.Se eu soubesse que todo o dinheiro que o meus pais gastaram se iria converter num canudo que não me serve pra nada acho que tinha ficado pelo secundário!Mas o grande problema foi que pessoas da geração da Sra. Stilwell e mais velhos não souberam pôr um travão em alguns cursos superiores quando foi tempo.Durante anos licenciaram-se milhares de professores, advogados, psicólogos e outros profissionais.Para quê se era claro que o mercado de trabalho não precisava de tantos e não iria conseguir absorver tanta gente com formação.Para além disso, a mesma geração que não soube pôr esse travão pôs sim um travão mas ao ensino técnico-profissional que durante anos foi quase inexistente e para o qual se poderiam ter canalizado muitos dos actuais licenciados desempregados que provavelmente hoje seriam técnicos especializados e com trabalho!Já agora gostava de saber que curso tiraram os filhos da Sra. Stilwell, de certeza um daqueles bem bons que dá trabalhinho garantido, o famoso curso bi-etápico das cunhas por se ter uma mãe conhecida e que vem para a revista "Caras" mostrar o Natal em família e falar do Pai Natal e dessas coisas todas porque tem uma família fantástica e muito agarrada às tradições.Mas a Sra. Stilwell não é só tradições natalícias em revistas do coração e verdades absolutas sobre gerações inteiras, ela também guarda em si uma espécie de super poder que a leva a fazer estatísticas mais certeiras que o INE, tirando-nos a todos da ignorância e informando-nos que os licenciados "ganham duas vezes mais do que a média, e 80% mais do que quem tem o ensino secundário ou um curso profissional.".Ainda bem que esta senhora vem desmentir todos aqueles disparates de licenciados em caixas de supermercado a ganhar 500€ por mês.Realmente que parvos somos por acreditarmos nessas coisas!E claro que como ela mesma diz,não nos devemos queixar porque pior estiveram os nossos pais que foram para a guerra do ultramar!Se esta geração de portugueses tem de sofrer a crise e os problemas laborais que enfrenta porque uma geração anterior lutou no ultramar nem quero imaginar o que acontecerá a franceses e alemães que estiveram envolvidos na segunda guerra mundial!No meio de tanta ignorância que aparentemente todos padecemos, valha-nos a Sra. Stilwell que nos ilumina e esclarece que os contratos a termo certo e os recibos verdes não são instrumentos de tortura inventados propositadamente para torturar esta geração!O que seria de nós sem estas pessoas como a Sra. Stilwell, uma conhecedora profunda dos mercados de trabalho!Acaso alguém duvida que ela é directora do jornal porque concorreu para o cargo?E não duvidem que ela foi submetida a várias provas e entrevistas com outros possíveis candidatos, está lá porque foi a melhor!Bem deixemos a Sra. Stilwell e guardemo-la nas nossas orações, para que quando daqui a muitos anos o Senhor a chamar para junto de Si o Vaticano não demore muito em aprovar a sua canonização pelo grande trabalho de iluminar o povo e pelo milagre das estatísticas!
Agora passando ao outro lado da questão e porque sei muito bem que as coisas não são totalmente brancas nem totalmente pretas. Há de facto uma grande maioria (uma quase maioria) de licenciados sem trabalho ou com trabalhos precários e sem perspectivas de futuro.Gente nova que adia os planos de sair de casa dos pais ou de construir família porque nunca sabem se no mês seguinte ainda vão estar a trabalhar.É evidente que nem tudo é mau, felizmente ainda há gente que consegue trabalhar, realizando-se profissionalmente e conseguindo ordenados decentes e estabilidade laboral à custa do seu trabalho e do seu valor!Infelizmente também no mercado laboral encontram-se muitos profissionais que só ocupam espaço e gastam oxigénio e em que a única coisa que importou no momento de os contratarem foi o que menos importância deveria ter:um nome de família(sei lá...género Stilwell!) ou uma filiação partidária.É claro que não podemos também esquecer os que não aceitam qualquer emprego e que se recusam em trabalhar fora da sua área, gente que ainda vive na ilusão de que um canudo de uma qualquer universidade é um passaporte para um bom emprego.Mas nem só os licenciados sofrem deste mal, muita gente que não passou do secundário (porque não podia ou simplesmente não quis)recusa-se a aceitar trabalhos que consideram pouco dignificantes,mal pagos ou fisicamente cansativos.Ou seja, a vontade de trabalhar e a falta dela não ataca só quem andou na universidade, é mal que atravessa a nossa sociedade de forma transversal e nem olha a gerações!É claro que quem realmente quer um bom trabalho pode sempre deixar o país,mas será que é justo ter de deixar para trás a família e os amigos simplesmente porque o país onde nascemos não consegue (ou não quer) criar mais e melhor emprego?É por estas e por outras, porque há tanta gente diferente em todas as gerações,porque há gente com vontade de trabalhar e outros sem vontade independentemente das habilitações académicas,porque há os que se aventuram em deixar o país e os que não conseguem deixar tudo e partir,é por todos estes motivos e muitos mais que,pessoas como a Sra. Stilwell deviam pensar muito bem antes de escreverem as suas opiniões em órgãos da comunicação social.Vivemos num país livre onde todos podem e devem dar a sua opinião, mas é bom que antes de se formular essas opiniões se conheçam as realidades,é bom que as Sras. Stilwell que existem por aí entendam que a vida não é igual para todos e que ao contrário delas que vão passando de emprego em emprego à base de "convites" e que conseguem, mais tarde, estender esses "convites" à prole,nem todos temos acesso a esses "convites" e passamos a vida a enviar currículos,a ver as ofertas de empregos nos jornais e na internet e a esperar tardes inteiras que chegue a nossa vez para ser entrevistados.

fevereiro 22, 2011

Coisas que eu espero um dia vir a fazer

1 - Visitar Jerusalém (com a crise que nos anda a atacar a todos só estou à espera do comunicado de greve-geral do sindicato dos homens-bomba para reservar o bilhete)
2 - Correr no Dakar (depois de fazer mais de 1200 km de smart, que me levaram de Torres Novas a Barcelona acho que é o passo lógico)
3 - Desfilar no Carnaval do Rio (se a Cinha Jardim pode...)
4 - Ter tempo para fazer mais umas tatuagens (nunca ouviram dizer:"tempo é dinheiro"?)
5 - Descobrir uma dieta que funcione (isto porque os especialistas não consideram deixar de comer como uma dieta)
6 - Perceber porque a Lady Gaga faz sucesso (se Deus quisesse que as pessoas se vestissem com costeletas do cachaço não tinha criado talhantes e costureiras, teria feito costulhantes ou talhareiras)

janeiro 20, 2011

ai floribela, floribela

A Luciana Abreu já teve a sua criança.a menina nasceu bem e ainda bem...porque daqui a uns anos de certeza que não vai andar tão bem quando começarem a gozar com ela na escola por se chamar Lyonce Viiktórya!!!mas isto anda tudo doido ou quê?mas será que vão mesmo autorizar que a criatura seja registada com esse nome?cuidado senhores do registo civil!se abrem este precedente depois terão de aceitar tudo quanto é nome que as pessoas se lembrem de inventar!bem uma coisa é certa,vai haver algum psiquiatra que vai ganhar muito dinheirinho a tratar o trauma à rapariga!para além da escolha do nome,que foi no mínimo sui generis,ainda há a "notícia" no site oficial da luciana...até fiquei aparvalhada com tanto disparate!não acho mal que ela partilhe a boa nova com os fãs.mas tem mesmo de o fazer com aquele discurso anormalóide?para já as referências religiosas a toda a hora que até já mete nojo.depois a mania de ter de mostrar que tudo na vida dela é uma luta,porque lutou pela relação que tem com o Yannick.toda a gente passa maus bocados e quantos de nós não lutaram já por muita coisa...mas não...ela tem de ser sempre a mais desgraçadinha.depois a referência à médica que fez o parto como "fada dos bébés"...que desilusão!eu toda a vida a pensar que os bébés eram trazidos de Paris por uma cegonha e vai-se a ver afinal é uma fada!para terminar espero sinceramente que ela não publique imagens do parto como ameaça(sim eu tomo como uma ameaça),é que já estou mesmo a ver os comentários dos fãs às fotos"querida lucy:adorei as fotos!a minha favorita é akela em k dá pa ver k c o esforço ficaste com um cadxinho de hemorróidal!deixa lá...é super fofinho e parece mesmo uma couve flor!"
Eu até nem me importo....

É verdade!eu até nem me importo que fumem ao pé de mim, sei que não me faz maravilhas à saúde, mas a verdade é que não me incomoda particularmente.aqui por espanha anda tudo alvoroçado com a nova lei anti-tabaco que proíbe que se fume em qualquer espaço público.basicamente agora os fumadores têm duas opções: ou deixam os cigarrinhos para o lar doce lar, ou fumam na rua.eu sinceramente acho uma boa medida e que de certeza vai acabar por incentivar muita gente a deixar de fumar.mas claro que há quem discorde da nova lei e se farte de reclamar, já se sabe que nunca se agrada a gregos e troianos.eu no meu trabalho estou sozinha e quando há mais alguém estão fechados em gabinetes onde fumam tanto quanto lhes apetece.mas aqui no andar de baixo há uma sociedade de advogados e são mais que as mães.antes da lei entrar em vigor nunca subiam até ao meu andar...ultimamente aparecem com ar comprometido a pedir que eu não os denuncie e enfiam-se a fumar ali na cozinha..eu de verdade que não me importo com o fumo...o que me chateia é que isto agora é um corropio de gente!

janeiro 07, 2011

Falta-me a paciência....
Hoje um jornal anuncia que tem um estudo sobre as entidades públicas que não apresentam as suas contas ao Estado...parece-me tema de interesse....mas será que é preciso tratá-lo como se fosse o terceiro segredo de Fátima ou a descoberta da pólvora?Podem dizer :"Ah!Mas a notícia até é pertinente e tal..."Ok!É sempre bom poder ter informação mais precisa sobre estas coisas, neste caso a lista dos organismos públicos que não apresentam as contas.Mas não é por isso que me vou fingir de surpreendida... ou há por aí alguém que ainda se surpreende com estas coisas?Todos sabemos bem como funcionam estes organismos...mas valha-nos Deus se algum deles fecha...lá pode o país passar sem estes utilíssimos observatórios, fundações e afins!Bem, mas voltando ao cerne da questão...Porque é que algumas notícias quando aparecem são tratadas como se fossem uma grande revelação?Toda a gente (ou quase toda) sabe que estas coisas se passam, mas como ninguém faz nada depois quando saem no jornal podem sempre fingir que não sabiam...Mas diga-se em abono da verdade que deve haver ainda alguns distraídos que realmente precisam destas notícias para estar a par da realidade...Assim sendo, vou já dizer quais poderão ser algumas das próximas manchetes de alto valor jornalístico: "Câmaras Municipais entregam obras a empresas de amigos e familares ou em troca de favores ou bens"; "Gestores Públicos usam cartões de crédito profissionais para gastos pessoais"; "Emprego em Câmaras (ou outras entidades públicas)?Só com cunhas!"; "Deputados da Assembleia da República:faltam ao trabalho e quando vão não fazem nada!". Pronto agora lembro-me assim de repente destas quatro bombas noticiosas.Depois não se assustem quando sairem no jornal nem se venham queixar que eu não avisei...porque eu avisei!
P.S.-Para as Câmaras Municipais, deputados ou gestores públicos que se sintam ofendidos com as minhas manchetes...azarito, temos pena...o barrete serve a quem o enfia!