abril 19, 2011

os burros, os lerdos e os assim assim

No meu trabalho actual eu atendo ao público. Longe vão os dias de professora e embora me sinta contente por me ver livre de muita coisa que a docência implica a verdade é que de algumas coisas tenho saudades. Aqui no novo trabalho eu "lambo papéis" para que as pessoas que aqui vêm possam tratar de "coisas". Mas às vezes e por mais que eu me esforce, mesmo que eu faça um desenho há pessoas que não entendem o que lhes digo. Às vezes até fico a pensar que tenho algum problema de expressão, que não me consigo fazer entender. Mas, à luz de acontecimentos recentes, compreendo que são algumas pessoas que não me conseguem entender, apesar de eu explicar a mesma coisa várias vezes seguidas. A verdade é que eu não tenho feitio para explicar as coisas naquele tom paternalista que algumas pessoas usam, que mais parece que estão a explicar a uma criança de 3 anos. "Tem de fazer isto e isto, está bem?" com aquela inflexãozinha irritante no fim da frase. Eu trato as pessoas como aquilo que elas são: adultos que (até prova em contrário) são perfeitamente normais. Mas há algumas pessoas que parece que gostam de se fazer de burrinhas. Passo a exemplificar: alguém vem tratar de uma "coisa". Eu explico que para tratar da "coisa" tem de me trazer um papel preto, sem esse papel nada feito, não se pode tratar da "coisa". A pessoa então informa-me que em casa tem um papel cinzento muito escuro e pergunta-me se esse não dá. Eu volto a repetir que tem de ser o papel preto, o cinzento escuro não serve para tratar da "coisa". A pessoa acena afirmativamente com a cabeça. Dias depois volta com os papéis que eu lhe pedi e claro, no meio vem o tal papel cinzento muito escuro que a pessoa pensa que eu não vou ver e portanto deixar passar como se fosse o papel preto. Enfim, depois de batalhar na questão de que o papel preto (não o cinzento muito escuro) é essencial para tratar da "coisa" lá consigo ter tudo para resolver a situação. E afinal o que é que se ganhou com isto? Nada, rigorosamente nada! A pessoa ficou mais chateada porque teve de voltar mais vezes, porque o seu estratagema de trazer o papel cinzento escuro não resultou e porque no fim de contas acabou por perder muito mais tempo. E eu fico stressada por ter de andar sempre a repetir o mesmo e a obrigar as pessoas a andar para trás e para a frente até me trazerem o papel da côr que eu peço e não o da côr parecida. Se pedem demasiados papéis para tratar de quase todas as "coisas" que precisamos? Pedem! Mas eu (e outros milhares como eu) que me limito a estar atrás de um balcão a cumprir com as normas que me dão, não posso fazer nadinha. Querem um conselho? Quando precisarem de tratar de qualquer "coisa" levem logo o papel certo, vão ver que é tudo muito mais fácil!

1 comentário:

Lucas disse...

O papel? Qual papel?

AH! O papel!

Qual papel?