julho 04, 2011

A culpa e os culpados

Raras são as pessoas que dizem que têm culpa em alguma coisa. Afinal ninguém gosta de admitir que errou, que enganou, que mentiu ou roubou. Quando o mal que se faz é de tamanho considerável esse mal é um crime e então entra o sistema judicial em cena para dizer afinal quem é e quem não é culpado. Mas antes de setenciar tem de se investigar bem se a pessoa acusada é ou não culpada. Aliás antes de se formalizar uma acusação têm de se reunir provas de que a pessoa é realmente culpada, não fosse a sociedade cair numa onde de histerismo do género caça às bruxas onde basta apontar o dedo para culpar alguém. Isso leva-me a um acusado famoso do momento, Dominique Strauss Kahn. Não vou entrar em devaneios do horror do crime sexual e da (às vezes) desculpabilização dos agressores em relação às agredidas. Vendo as coisas de forma pragmática Strauss Kahn foi acusado de violar uma empregada do hotel onde se encontrava hospedado. Foi preso e ouvido pelo tribunal enquanto se apurava a veracidade das acusações. Foi rapidamente julgado em praça pública pelos meios de comunicação. Aliás a velocidade do julgamento foi tal que quase nem valia a pena andar a gastar dinheiro dos contribuintes americanos a fazer investigações e a ouvir depoimentos. Já todos tinham decidido que ele era culpado, mandava-se prender e não se pensava mais no assunto, caso encerrado. Agora afinal a investigação mostrou que o senhor era inocente e que afinal não violou a empregada do hotel. Não sei se Strauss Kahn é realmente culpado ou inocente. Não me interessa se a empregada é mentirosa ou se disse a verdade e agora arranjaram maneira de a calar. Nem me importa que ele seja um homem influente e poderoso ou que fosse o Zé da esquina. O que a mim me chateia é que a presunção de inocência não exista. Alguém apresenta uma denúncia e sem se esperar para averiguar a verdade dos factos passa-se à culpabilização.
Numa dimensão completamente diferente temos aqueles que são culpados e que porque os crimes prescrevem ou por falta de provas se livram de uma pena de prisão bem merecida. Fátima Felgueiras conseguiu livrar-se de cumprir pena de prisão, além disso alguns dos crimes de que era acusada não se provaram em tribunal. Acusada de vários crimes, fugiu para o Brasil sem nunca perder as suas regalias de autarca, como o vencimento, para depois reaparecer como um D. Sebastião, defendida pelas gentes da sua terra e impune perante a "escapadela" que deu a terras de Vera Cruz. Não tenho provas de que Fátima Felgueiras tenha desviado dinheiro da Câmara de Felgueiras. Não sei se existiam ou não concursos e contratos simulados para favorecer a empresa Resin .O que me chateia é que durante todo este processo ela tenha deixado o país (coisa que não podia fazer) e que daí não tenham vindo quaisquer consequências, é que vamos lá a ver...não foi propriamente para 2 semaninhas de férias. Não sei de quem é a culpa de que alguns culpados não o sejam e que outros levem com culpas que não são suas. Não sei se as culpas são dos juízes que copiam nos exames ou dos legisladores. O que eu sei é que algo vai mal com a justiça em geral, com o nosso sistema pessoal e individual de justiça que nos leva a querer ser juizes e carrascos e com a justiça portuguesa que há muito que tem sintomas de doença grave mas parece que ninguém lhe dá o remédio que precisa. Valha-nos a nós (portugueses) que o Vale e Azevedo tem as costas largas, porque parece que ele é o único culpado que Portugal tem.

junho 29, 2011

Viva o Santo António, viva o São João...

As festas dos Santos Populares são normalmente momentos de grande diversão e marcam a chegada do bom tempo e a partida definitiva dos molhados e frios dias de Inverno. Só estive no Santo António em Lisboa uma vez, mas foi uma noite muito bem passada. Há muita gente nas ruas e muita música por toda a parte. Também há a sardinha assada no pão, verdadeira iguaria para a maioria mas que eu dispenso. No São João do Porto nunca estive, mas imagino que também deve ser uma noite bem passada. Sei de fonte segura que o único senão da festa é que depois de meia hora a levar marteladinhas no alto da tola a coisa começa a ser um pouco irritante. Aqui por Barcelona e noutras cidades de Espanha também se celebra o San Joan. No ano passado não me lembro bem porquê mas não saímos de casa nessa noite, mas este ano e depois de tanto ouvir gabar as celebrações lá nos decidimos a ir descobrir o que de tão bom tem aqui o San Joan. A partir do meio da tarde muitas pessoas rumaram às praias onde se reunem a maioria dos foliões. Quando chegámos à praia de Barceloneta já a multidão tinha invadido o espaço. Havia algumas fogueiras, mas não muitas, e havia muita comida e ainda mais bebida. Mas aquilo que mais havia por aqui e que é a característica principal do San Joan em Barcelona eram petardos. Parece que nesse dia toda a gente resolve desatar a rebentar. Velhos e novos todos andam carregados de petardos, bombinhas e alguns que mais parecem fogo de artifício. Eu não sou grande entendida em pirotecnia mas a verdade é que vi de tudo. Brancos e de cores, uns que só assobiavam e outros que tinham direito a rebentar no fim. Sinceramente não me convenceu. O barulho é ensurdecedor e nunca se sabe de onde pode vir mais um petardo. A coisa às vezes tomas umas proporções que a mim me parecem um pouco descontroladas com gente a atirar petardos para cima uns dos outros, sem sequer tentarem que rebentem em sítios onde não há ninguém. Outra coisa que não gostei de ver foi darem petardos a crianças muito pequenas. Crianças de fraldas brincavam com os petardos enquanto eu horrorizada me questionava sobre a segurança daquela brincadeira. Mas aparentemente não devem acontecer acidentes com os petardos ou se os há não aparecem nas notícias. Enfim, posso dizer que já conheço o San Joan de Barcelona. Ficar fã não fiquei, mas ao menos já sei como é!

junho 07, 2011

Quando cheguei a Espanha arranjei trabalho numa loja chique. Quando comecei estava muito entusiasmada porque o trabalho, embora não fosse nenhum grande desafio para o intelecto, pelo menos parecia animado. Não demorou mais de uma semana para perceber que a loja passava mais tempo vazia do que com clientes e por consequência eu passava quase todo o dia sozinha. A loja ocupava dois magníficos apartamentos numa zona cara da cidade e com a falta de clientela a minha chefe passava os dias no rés do chão, onde existia um computador, enquanto eu ficava no primeiro andar à espera que chegasse alguma cliente que tinha marcado hora ou alguma que passasse na rua e tocasse à campainha. As clientes eram poucas, muito poucas e eu ficava encerrada naquele apartamento lindo, mas vazio. A minha chefe era uma pessoa estranha e desde início nunca me senti confortável com ela. Tentava fazer-se de muito minha amiga, perguntando-me coisas da minha vida às quais eu tentava não responder e adorava dar-me abraços como se fôssemos as melhores amigas e eu detestava tanto contacto físico com aquela pessoa que tinha acabado de conhecer. Para além do mais todas estas atitudes dela me soavam a falso e forçado o que aumentava ainda mais o meu desconforto. Para piorar a coisa ainda mais, um dia ela pediu-me que lhe fosse procurar uns papéis e na pilha onde tive de procurar estavam as notas que ela tinha tomado no dia da minha entrevista e o comentário era "not tall, not thin". Pois alta não sou e com esta idade também já não cresço mais, magra também não sou mas ainda não estou em fase de precisar de entrar num programa de televisão para emagrecer. Obviamente o facto de eu não ser nem alta nem magra era para ela um problema, o que ela não contava era que todas as "manequins" que lhe apareceram à entrevista soubessem apenas falar espanhol e como ela precisava de uma pessoa que falasse bem inglês teve de se contentar comigo. Tudo isto a juntar ao facto de ela ser desorganizada, esquecida e de tratar as clientes conforme o seu humor momentâneo tornavam as minhas idas para o trabalho cada vez mais duras. A coisa atingiu um dos seus piores momentos quando um dia eu arrumava caixas numa prateleira alta, a camisola que eu trazia subiu e ela viu que eu tinha uma tatuagem. Olhou para mim com um misto de horror e descrença e disse:"Is that a tattoo?I never thought you were that kind of girl!". Esse tipo de rapariga??? Mas que tipo de rapariga?? O facto de ter uma tatuagem é que diz o tipo de pessoa que sou?? Eu compreendo que há pessoas que não gostam de tatuagens, que não se imaginam a marcar o seu corpo de uma forma definitiva, mas espero que quem não gosta compreenda que há quem goste e quem não se importe de levar estas marcas no corpo até ao dia em que vá desta para melhor. Eu adoro a minha tatuagem e penso fazer mais. Reflecti bastante antes de a fazer e por isso não me arrependo. Apesar de achar que as tatuagens não dizem absolutamente nada do carácter, da personalidade ou do profissionalismo de alguém sei que nem toda a gente pensa assim e foi por isso que decidi que a minha estivesse num sítio que não está normalmente exposto e por isso só na praia é que não está escondida. Mesmo assim tenho de levar com o comentário da imbecil a dizer que nunca pensou que eu fosse esse tipo de rapariga. Fiquei furiosa mas engoli o que me apeteceu responder-lhe porque precisava do trabalho. Aquela insinuação de que eu era ( ou já tinha sido em tempos) uma leviana, drogada, bêbada e promíscua deixou-me doida, como se não houvesse tantos executivos de fato e gravata que passam as noites a dar na coca, mães de família de andam movidas a whisky e vodka e meninas de coro que saltam de colchão em colchão como se o sexo fosse uma competição. Eu sei que muita gente faz juízos de valor quando vê que eu tenho a tatuagem, mas pelo menos que os guardem para si que não me interessa ouvir disparates, porque o que mais me custou foi ela ter-me dito o que pensava e ter olhado para mim como se eu tivesse cometido algum crime. Por isso é que devemos pensar sempre bem antes de abrirmos a nossa boca, evitamos às vezes maçar os outros com opiniões que podemos guardar só para nós.

Mais sobre este tema: http://www.joseluispeixoto.net/24052.html

maio 02, 2011

Quatro casamentos e um funeral
Estou aqui num dilema que não sei se fale do casamento do Príncipe William se fale da morte do Bin Laden. A notícia da morte do milionário/terrorista/líder da Al-Qaeda fica para já marcada pela foto que tem sido veiculada em vários meios de comunicação na tentativa de fazer as pessoas esquecerem-se de que não há imagens realmente credíveis do cadáver. O casamento real ficou marcado também, não por uma mas por várias fotos inesquecíveis e por um ou outro convidado com cara de morto-vivo que andava lá pela cerimónia. Pronto, atendendo a um critério meramente cronológico começo pela boda real. Para começar quero dizer que é a primeira vez que faço comentários à laia de fashion blogger, mas prometo que se a coisa me correr bem começo a dedicar-me mais ao assunto. No geral os convidados eram a imagem da falta de graça, do modelito desconsolado. Eu sei que estas coisas obedecem a protocolos e tal, mas de certeza que o protocolo não obriga a ser ensosso. Olhar para as convidadas era como passar os olhos por um catálogo de tintas na secção dos tons pastel. As que tentaram ser mais arrojadas também não tiveram grande sorte e mais pareciam saídas de um baile de máscaras. Confesso que não analisei ao detalhe todos os convidados, mas das fotos que pude ver na internet safou-se apenas a Victoria Beckham. Quanto às primas do Príncipe que tanta tinta têm feito correr quero dizer que têm o meu apoio, pelo menos ajudaram a animar a festa!A Princesa Beatrice, de azul, é muito poupada e por isso mandou fazer o vestido com retalhos comprados na Feira dos Tecidos, a irmã, a Princesa Eugenie não escolheu mal o vestido (não era dos piores) mas esqueceu-se de comprar o tocado e de manhã resolveu o problema amarrando à cabeça uma moldura oferecida pela avó!Aqui por Espanha insistem que a Princesa Letizia foi das mais elegantes. Para mim foi das mais desenchabidas. O vestido era tão normalzinho que até enervava e a côr não a favorecia nada fazendo ressaltar aquele tom de pele branco cera que a caracteriza. Ao pé da sogra, a Rainha Sofia, Letizia parecia quase invisível. A minha favorita foi a Rainha Elizabeth II no seu modelito amarelo que pode não ser das últimas tendências, mas aqui para nós ela não precisa de se preocupar com isso e no que toca ao seu look a Rainha é muito coerente. Finalmente, a noiva. Confesso que fiquei desiludida. A rapariga é gira que se farta e depois aparece-me naquele vestido, que não sendo feio seguia também a onda geral de desconsolado. Não sou muito pelas noivas género árvore de natal, mas também nem oito nem oitenta. Podia ter arriscado mais, sem dúvida tem estilo para isso. O vestido era demasiado sério e fez com que parecesse bem mais velha do que é. Não posso deixar de fazer referência a duas das que para mim foram das mais pirositas, Samantha Cameron que pelo visto não percebeu que tocado e ganchito de cabelo não é a mesma coisa e Miriam González que parecia que levava na cabeça umas flores artificiais da loja do chinês agarradas a um turbante da sua avó. E falando em turbantes, o que é que me dizem da morte do Bin Laden hein? (que mudança de tema extraordinária, chiça!) Os noticiários hoje de manhã não falavam de outra coisa, alternando entre imagens de uma casa em chamas e as declarações do Presidente Obama. Já eu tinha terminado o pequeno almoço quando a apresentadora da TVE anuncia em tom grave que têm imagens do cadáver de Bin Laden que podem impressionar algum espectador mais sensível. Eu fiquei logo em pulgas porque nestas coisas sou como São Tomé: é ver para crer (ainda ninguém me convenceu de que o Michael Jackson morreu mesmo). Aparece então a tal foto que se supõe provaria a morte de Bin Laden. Mas que raios os Navy Seals que invadiram a casa não levavam uma máquina fotográfica melhor? Depois pensei, ora para um país daqueles é levar tudo do mais ranhoso por isso a foto deve ter sido feita com um daqueles primeiros telemóveis que tiravam fotos quase sem resolução, não vai uma pessoa andar aos tiros de iPhone 4 no bolso. Durante a manhã tentei através da internet informar-me melhor sobre o sucedido e comecei a ver que muita gente desacreditava a foto que eu tinha visto na televisão. E claro começaram os rumores de que a notícia da morte de Bin Laden era fabricada e uma mera manobra publicitária norte-americana afirmando-se que a fotografia em questão era um mau (muito mau) trabalho de photoshop. Ora eu que nem sou muito pro USA uma coisa sei bem. Nestes assuntos os senhores não são burros e por isso é de certezinha que limparam o sarampo ao Bin. Primeiro, se os americanos não tivessem a certeza absoluta que o tinham morto jamais sairia a notícia correndo depois o risco de serem desmentidos e pior, envergonhados. Segundo, caso a notícia fosse mesmo falsa e a tal foto fosse um truque informático também aposto que nos Estados Unidos deve haver quem faça melhor uso do photoshop e fizesse uma montagem bem mais credível e realista e não aquela porcaria em que metade da imagem está nítida e a outra metade desfocada. Não faço ideia do que terá acontecido, se o cadáver foi sepultado no mar como se fala, mas duvido. Gostei das declarações do Obama (um tipo de quem eu gosto muito), incisivas e patrióticas sem serem inflamatórias ou desrespeitadoras.
Se só agora que chegaram ao fim estão a pensar no título deste post e a pensar onde andam os outros três casamentos anunciados no título, esqueçam, o título pareceu-me apropriado e é só. De qualquer forma deve ter havido imensa gente a casar no fim de semana por isso de certeza que arranjo mais três casamentos para fundamentar a coisa.

abril 21, 2011

Eu até nem gosto de futebol...mas hoje sou do Real Madrid (e aquele golo do Ronaldo que até me soube a rebuçados)

abril 19, 2011

os burros, os lerdos e os assim assim

No meu trabalho actual eu atendo ao público. Longe vão os dias de professora e embora me sinta contente por me ver livre de muita coisa que a docência implica a verdade é que de algumas coisas tenho saudades. Aqui no novo trabalho eu "lambo papéis" para que as pessoas que aqui vêm possam tratar de "coisas". Mas às vezes e por mais que eu me esforce, mesmo que eu faça um desenho há pessoas que não entendem o que lhes digo. Às vezes até fico a pensar que tenho algum problema de expressão, que não me consigo fazer entender. Mas, à luz de acontecimentos recentes, compreendo que são algumas pessoas que não me conseguem entender, apesar de eu explicar a mesma coisa várias vezes seguidas. A verdade é que eu não tenho feitio para explicar as coisas naquele tom paternalista que algumas pessoas usam, que mais parece que estão a explicar a uma criança de 3 anos. "Tem de fazer isto e isto, está bem?" com aquela inflexãozinha irritante no fim da frase. Eu trato as pessoas como aquilo que elas são: adultos que (até prova em contrário) são perfeitamente normais. Mas há algumas pessoas que parece que gostam de se fazer de burrinhas. Passo a exemplificar: alguém vem tratar de uma "coisa". Eu explico que para tratar da "coisa" tem de me trazer um papel preto, sem esse papel nada feito, não se pode tratar da "coisa". A pessoa então informa-me que em casa tem um papel cinzento muito escuro e pergunta-me se esse não dá. Eu volto a repetir que tem de ser o papel preto, o cinzento escuro não serve para tratar da "coisa". A pessoa acena afirmativamente com a cabeça. Dias depois volta com os papéis que eu lhe pedi e claro, no meio vem o tal papel cinzento muito escuro que a pessoa pensa que eu não vou ver e portanto deixar passar como se fosse o papel preto. Enfim, depois de batalhar na questão de que o papel preto (não o cinzento muito escuro) é essencial para tratar da "coisa" lá consigo ter tudo para resolver a situação. E afinal o que é que se ganhou com isto? Nada, rigorosamente nada! A pessoa ficou mais chateada porque teve de voltar mais vezes, porque o seu estratagema de trazer o papel cinzento escuro não resultou e porque no fim de contas acabou por perder muito mais tempo. E eu fico stressada por ter de andar sempre a repetir o mesmo e a obrigar as pessoas a andar para trás e para a frente até me trazerem o papel da côr que eu peço e não o da côr parecida. Se pedem demasiados papéis para tratar de quase todas as "coisas" que precisamos? Pedem! Mas eu (e outros milhares como eu) que me limito a estar atrás de um balcão a cumprir com as normas que me dão, não posso fazer nadinha. Querem um conselho? Quando precisarem de tratar de qualquer "coisa" levem logo o papel certo, vão ver que é tudo muito mais fácil!

abril 15, 2011

Afición y mala educación Eu sou aficionada (e não tenho vergonha de o admitir aqui na blogosfera) mas nem sempre foi assim.Em miúda não achava particular graça mas tudo mudou da primeira vez que assisti a uma corrida ao vivo.A partir desse dia tornei-me numa aficionada de coração.Posso não conhecer todos os cavaleiros, nem saber quais são as melhores ganadarias e não tenho conhecimentos para poder avaliar ao pormenor uma lide, mas sei quando estou a ver uma boa corrida, uma má ou uma assim assim.As touradas (como outras coisas na vida)despertam paixões e ódios.Já houve tempos em que apenas os grupos anti-tourada se mobilizavam, nesse tempo os aficionados passavam descansadamente ao lado dos protestos por considerarem que as touradas eram assim uma espécie de direito adquirido em que ninguém podia tocar e que estariam nas nossas vidas ad aeternum.Quando a proibição das corridas foi aprovada na Catalunha parece que se fez luz e finalmente a afición portuguesa percebeu que se não protegerem as corridas alguém pode vir a retirá-las da nossa cultura e depois só nos iria restar lamentar-nos como se lamentam agora os catalães.Eu compreendo que haja que não goste das corridas, quem proteste, vivemos (ainda) num país livre onde cada um pode dar a sua opinião.Livres para opinar não para insultar.De cada vez que leio alguma notícia sobre corridas de touros há sempre comentários de antis que nem chegam a ser opiniões,não passam de meros insultos.O jornal Público anunciou uma sondagem realizada onde 89% dos inquiridos são favoráveis à realização de corridas de touros.Ai que grande blasfémia cometeram os senhores deste jornal de vir dizer uma coisa dessas para a praça pública.Na página do facebook a notícia já tem mais de 400 comentários.Há comentários de antis e de prós, mas sinceramente (e sem querer puxar a brasa à "minha" sardinha)não percebo porque é que a maioria dos antis só são capazes de proferir insultos.Se querem fazer valer a vossa opinião não é com falta de educação que vão conseguir.Afirmam que a sondagem publicada foi encomendada(de certeza que se dissesse que 89% dos portugueses eram contra já achavam que era verdadeira),depois seguem-se elogios aos pró-tourada como: otários, merdas, cobardes, tristes, falhados, chamam vacas a algumas das mulheres que deixam comentários a favor das corridas e por aí afora vão, tratando assim desta forma educada e cordial todos aqueles que não são da sua opinião. Ora eu posso bem com pessoas que discordem de mim o que eu não aturo é gente mal educada!Ah, e já agora, por favor parem de comparar as corridas aos circos romanos onde se matava gente ou à escravatura, sinceramente esse vosso argumento onde comparam seres humanos a animais (sejam eles quais forem) parece-me um pouco parvo.Para rematar só quero dizer que me recuso a comentar estas notícias porque não tenho pachorra para peixeiradas.E mais, não me considero uma otária, uma merda, uma cobarde, uma triste, uma falhada e muito menos uma vaca e por isso acho que as pessoas que se dirigem nestes termos a outras que não conhecem não merecem a minha consideração.Querem ser anti-touradas?Tudo bem!Força aí na vossa luta!Eu para além de pró-tourada sou também anti-falta de educação e até sou gaja para fundar um movimento com direito a manifs e tudo!